Ansiedade e Redes Sociais… Bom ou Ruim?
As redes sociais funcionam e viraram esse fenômeno porque pega no nosso “calcanhar de aquiles”… A necessidade de aprovação!
Foi uma grande sacada criar o like, o coraçãozinho, as curtidas…
Mexe na nossa autoestima… Que anda meio capenga.
Nosso SEGUNDO MAIOR MEDO é o medo de ser rejeitado, reprovado pelos outros. O primeiro é o de morrer.
O bebê e as crianças têm 3 grandes medos: medo do escuro, medo de ficar sozinho e medo de cair, de se desequilibrar.
Esses medos são apaziguados na medida que aprendemos a sentir proteção.
Mas na vida adulta os 2 grandes medos que se perpetuam… São os medos de morrer e da rejeição.
E a gente vive em uma cultura que alimenta essa verdadeira obsessão pela aprovação.
A fobia social nada mais é do que o medo irracional de ser mal avaliado pelos outros, com a voz da menos valia por trás assoprando que os outros vão te avaliar mal porque você não é bom o suficiente.
Aliás, nossa cultura só é assim, pois temos o pavor da rejeição e somos escravos da aprovação dos outros.
A imagem impera… a performance domina, somos criados para termos uma performance excelente e quem não tem, é excluído, é ejetado.
E nessa a gente entra numa busca incessante pelo “parecer” algo ou alguém. “Parecer” é muito mais importante do que de fato “ser” esse algo ou esse alguém.
Imagem é mais importante que substância, que conteúdo.
E o pior é que tudo ao nosso redor nos lembra uma coisa muito ruim: os outros são esse “algo” ou esse “alguém”, eu não sou bom o suficiente…
Nosso smartphone não é bom o suficiente, nossa selfie nunca está boa, nosso corpo não está “sarado” o suficiente e por aí vai.
Você é constantemente bombardeado por mensagens que te dizem, por diferentes ângulos, que se você não for – ou pelo menos não parecer – um monte de coisas, você não será aceito…
…não será amado…
Recebemos a mensagem desde criança que nos diz:
“Se eu não for igual a um determinado grupo, a um determinado ideal de pessoa – seja ele qual for – serei rejeitado”.
Isso se chama de identificação arcaica. A criança sente que precisa reproduzir a família que tem como se fosse uma obrigação.
E todos nós crescemos em família… o ser humano é um ser social. A família nos ensina a criar vínculos de proteção e segurança com tudo e para sempre.
A formação do vínculo de proteção quando somos crianças começa muito cedo… desde os primeiros dias de nascidos. Você pode ver mais sobre isso no meu artigo: Pais controladores, filhos ansiosos
Quando temos um bom vínculo de proteção criamos o senso de
“Eu tenho valor, eu sou importante… sou amado e aceito”…
…essa é a neurobiologia do vínculo, ela diz “ah, sim Elsie, eu te levo em consideração e você é relevante pra mim”…
Com a formação do vínculo deveríamos crescer com a noção de que somos respeitados, ouvidos e teremos tudo que precisamos emocionalmente para sobreviver…
…seremos aceitos…
Não por merecimento mas por direito.
Mas será que é isso que acontece?
Hj é esse recurso emocional que você tem?
Não é algo mais parecido com o seguinte:
“Ah… eu não tenho muito valor, eu não sou importante… não me sinto amado ou aceito”.
E a neurobiologia do vínculo diz:
“Ah, Elsie, eu só te levo em consideração quando você me agrada e acerta… Só posso gostar de você se você for igual a mim”.
A criança entende que só pode ser amada e vinculada com o mundo se for perfeita, igual aos pais, e não se ela for ela mesma. Sendo ela mesma, nunca será aceita.
Esse é um tipo de vínculo desorganizado…
Quando tenho um vínculo desorganizado, não consigo regular minhas emoções e minha noção de “EU” fica fragmentada.
Eu não aceito minhas falhas e estou constantemente sob a tutela dos outros…
Escrevo da perfeição, com baixa tolerância a erros e falhas e acima de tudo: NÃO ME ACEITO COMO SOU PORQUE MEU “EU” NÃO AGRADA AOS OUTROS.
Por que isso acontece?
Quando temos um vínculo de proteção bem feito, pelos pais ou família, quando nascemos recebemos alimento quando precisamos e nos sentimos protegidos…
Recebemos o carinho e isso estimula nosso sistema nervoso e ele aprende a se auto regular, isso cria um senso de “base” de segurança que sempre estará lá, pra onde você pode sempre voltar.
A pessoa começa a aprender a correr riscos maiores porque “sabe” que tem os pré-requisitos para explorar e “sabe que tem pra onde voltar” caso precise.
No vínculo desorganizado essa base se torna hostil…
A pessoa não desenvolve o senso de correr riscos com segurança…
Ela paralisa por achar que NÃO É CAPAZ pois ser capaz significa NÃO ERRAR.
Aqui está a base de formação do que chamamos de ansiedade, mas que é uma cadeia complexa de emoções sentidas como negativas (culpa, vergonha, medo, angústia, apreensão)…
Todas nascidas da formação do vínculo emocional desorganizado.
Nesse quadro a exploração do mundo se torna arriscada e perigosa demais e a base para onde supostamente voltaria para me proteger caso “tudo dê errado” vai me punir se de fato “tudo der errado”.
A curiosidade é desestimulada e perdida. O foco passa a ser apenas a sobrevivência e o medo. Emoções primitivas e arcaicas.
Nesse quadro o refinamento emocional não existe e não existe tempo ou energia para a curiosidade ou a exploração.
Quando o indivíduo passa por esse tipo de experiência de formação de vínculo desorganizado ou inexistente, o enredo dos transtornos emocionais começam a se esboçar.
Aqui se instala o que eu chamo de “projeto crônico de aperfeiçoamento” e o ansioso é campeão nessa modalidade: o perfeccionismo.
Sabemos que o perfeccionismo é um dos traços mais fortes e mais gritantes de uma pessoa com transtorno de ansiedade…
Errar e o sentimento de culpa decorrente do erro é um dos gatilhos mais fortes da ansiedade.
Por que?
Porque quando erramos somos REJEITADOS!!
Em função da criação do vínculo desorganizado com a realidade e o mundo, ele se sente extremamente desprotegido, sozinho, incapaz.
Uma fragilidade percebida se instala e como forma de se autoproteger é criado um sistema de AUTOCRÍTICA elevadíssima.
Diante desse quadro, em que eu aprendi que para sobreviver eu tenho poucos recursos, minha margem para erro é baixíssima, não aprendi a correr riscos com segurança, não tenho uma base forte para onde voltar, aprendi que me faltam os recursos, que sou frágil e pior: que os outros são melhores do que eu…
Bem… isso configura o mundo como uma verdadeira selva…
A resposta perfeita para isso é:
“Preciso estar em alerta constante! Não posso bobear!”
PIOR:
“Sei que não vou conseguir… então sinto medo de tudo isso.”
“Tenho que ser perfeito e igual a todos para ser aceito. Se for diferente, sou questionado. Se eu não for com a boiada, me cobram. Se eu inovo, crio e vou contra a maioria, sou posto à margem…”
As minorias, sejam elas quais forem, sofrem na pele esse estigma.
Os próprios pacientes com transtorno da ansiedade passam por isso.
Um dos fatores mais importantes na manutenção do transtorno da ansiedade no indivíduo, é o fato dele se cobrar que ele “NÃO É NORMAL”…
Paciente psiquiátrico é colocado na jaula dos loucos e isso, no nosso imaginário é como ser leproso, amaldiçoado, castigado por Deus.
E essa é a ponta do iceberg que você enxerga hoje!
Mas isso tem uma origem muito anterior…
…que obviamente vem da infância e da educação emocional (ou falta dela) que recebemos na família… em casa.
E sabe o que mais me impressiona?
É que eu vejo pacientes meus que receberam um bombardeio de cobranças e orientações emocionais totalmente equivocadas de seus pais, hoje estão sofrendo de pânico e adivinha?
Estão reproduzindo o mesmo modelo com os filhos!
A necessidade de aprovação, vez ou outra, atinge o indivíduo… Isso faz parte da natureza humana. Nós vivemos em grupo, somos sociais.
A forma que temos de receber a mensagem de que estamos protegidos e fora de perigo é sermos aceitos pelo grupo de nosso convívio…
Mas para algumas pessoas, isso se torna patológico porque o mecanismo por trás disso é uma imagem de inferioridade ou pouca valia que o indivíduo tem de si mesmo e das suas próprias coisas, ideias, valores e ideais.
Sem nem perceber, isso se torna uma armadilha que aprisiona o indivíduo num círculo doloroso de vergonha de si, de tachar-se como inferior, de autocrítica e auto cobrança, que bloqueiam totalmente o indivíduo de ser emocionalmente saudável.
Vamos falar sobre formas práticas e reais em que o medo da rejeição se manifesta…
A principal delas é a crença de que não ser bom o suficiente.
Mas não ser bom o suficiente em que?
Sempre pergunto isso aos meus pacientes e a resposta é unânime:
“Em nada, praticamente”.
Por meio do desenvolvimento da inteligência emocional você pode aprender que o trabalho de uma boa terapia que trata a ansiedade ou qualquer transtorno emocional é o de ajudar o paciente a perceber que esses pensamentos são crenças!
Vamos entender que é preciso endereçar a raiz e a memória implícita da inadequação, que foi aprendida… que foi adquirida!
Construída em cima de uma cultura que nos diz desde crianças:
“Você só será amado por mim, ou por nós, se for igual a nós… Se não errar… Se for perfeito”
E o corpo memorizou essas crenças e reage de forma automatizada a elas… reage com a ansiedade, o pânico, as fobias.
O sentimento de “não sou bom o suficiente” é chamado de ATELOFOBIA.
A atelofobia traz o efeito nocivo da comparação social.
A saída para tudo isso é ACEITAR A IMPERFEIÇÃO de cada um de nós!
É entender que não podemos nos condicionar ao perfeccionismo para sermos amados, ou para não sermos rejeitados!
Não precisamos de validação!
De “sermos percebidos, notados e aceitos” quando nos colocamos no lugar da imperfeição…
Quando entendemos que é ok errar, que é ok ser diferente da boiada!
É nesse momento que nos tornamos AUTÊNTICOS!
No final do meu mini curso de autoaceitação online, os alunos aprendem uma série de ferramentas e aprendem a ver sob novas perspectivas que podem ser usadas na prática no mesmo dia.
É muito comum, quando se trabalha com pessoas com distúrbios alimentares, por exemplo, elas chegarem até o consultório com a mão cheia de crenças sobre uma avaliação universal de si mesmos muito negativa e que funciona mais ou menos assim:
“Eu sou boa pessoa porque tenho esse peso… Sou aceita quando estou magra e sou má, ou rejeitada quando estou acima de tal peso. Sou bom porque consegui seguir minha “dieta” e sou má porque sou relapsa!”
Com o ansioso é a mesma coisa! O ansioso se considera culpado e “mal” porque não consegue ser “normal”, porque entende que tem algo de errado nele…
…e isso sozinho já gera ansiedade…
O primeiro passo no meu mini curso de auto aceitação é aceitar a própria ansiedade e entender que não precisa estar bem para ser aceito e amado.
Então a primeira grande distinção que precisa ser feita é essa: a diferença entre o que você É e o que você FAZ.
E se a gente for avaliar – e eu faço essa pergunta logo nas primeiras consultas – a pergunta a se fazer e a reflexão necessária é:
Puxe na memória QUANDO foi a primeira vez que você lembra que esse enredo do “não sou bom o suficiente” apareceu. A primeira vez que você percebeu e pensou: “Eu sou diferente dos outros… Tem algo de errado comigo”.
E a maioria respondem: “Ahhh, faz muito tempo… desde criança.”
E sim… Desde criança eu também pensava nisso.
Sabe por quê?
Porque isso é desenvolvido desde que a linguagem verbal surge na criança. Essa percepção opera no clássico e basilar conceito de condicionamento do comportamento onde aprendemos pela contingência… que tem mais ou menos 500 milhões de anos no planeta.
A menos que você seja uma estrela do mar, ou uma esponja. Agora se você for uma aranha, ou uma cobra, um cavalo ou um humano, você aprende pela aprendizagem contingencial e por símbolos. Incluindo nossas emoções. Isso tem entre 200 mil e 2 milhões de anos.
Nós aprendemos por símbolo e sempre estamos relacionando coisas e colocando elas em redes e conexões.
Fale um nome de um objeto para uma criança com mais de 12 meses – mesmo antes dela falar – e ela pega o objeto… Fale um outro objeto e ela pega o outro objeto. Começamos nomeando coisas e evoluímos para as comparações.
Desde muito cedo você aprende “igual e diferente”, “bom e ruim”, “feio e bonito” e evolui para coisas mais abstratas como “certo e errado”.
E é aqui que a coisa complica…
Porque criança nenhuma vai escapar de aprender, comparar e julgar…
Nunca vai escapar de analisar problemas e achar soluções…
Porque é isso que nosso cérebro faz. Porque precisamos disso!
O problema é: Quando isso se transfere para o lado emocional a criança também aprende esses conceitos e julgamentos, e isso é parte da nossa natureza.
O que realmente é um problema é como isso se transforma numa prova de vida.. .num pesadelo. Porque interpretamos o “falhar” com “ser rejeitado”…
…E aí a ansiedade toma conta…
A verdade é que de acordo com a minha longa experiência clínica e também sobre a literatura do assunto, eu sei que as pessoas têm a crença de não serem boas o suficiente em 3 coisas:
1 – Eles sentem vergonha de serem quem são e de como sua vida virou um case de fracasso;
2 – Eles não são normais por terem ansiedade, entendem que tem um “defeito” e em função disso se sentem à parte, são diferente e aprenderam que ser diferente é ruim;
3 – São pessoas terríveis que tem o seu valor humano diminuído em função de tudo o que NÃO SE TORNARAM! De tudo que lhes falta e os diferencia, os desqualifica, dos demais.
E como reverter isso?
Essa resposta vale ouro! Esse deve ser o propósito da terapia e o trabalho fundamental que pode implodir as bases sobre as quais a ansiedade e qualquer transtorno emocional estão apoiados!
Sem isso, as chances de um tratamento funcionar se complicam.
E saber que isso pode ser revertido já é uma excelente notícia!
Se um dia evoluirmos e conseguirmos reverter isso na base da família, perpetuar na escola e depois na sociedade, será um sonho!
Para vocês que estão aqui, saibam que é possível reverter isso hoje em você!
Os padrões de performance hoje são muito altos e a sensação que se tem é que tem que se começar no berço para ser bom em algo.
Mas isso só alimenta esse câncer do qual estou falando! Porque chegar no lugar de se sentir “bom o suficiente” parece impossível.
Em algumas famílias e culturas os padrões são realmente muito altos e o erro é inadmissível. A criança nunca sente que vai conseguir. Tem sempre um colega, um primo ou irmão que são melhores…
Então tem esse aspecto de ser característico da cultura da nossa sociedade…
Mas o que temos que pensar é que todos temos forças e fraquezas… TODOS! E a saída para algo mais saudável é a autoaceitação!
O caminho para a aceitação no ser humano erroneamente é a busca pelo perfeccionismo. E isso é um equívoco. Esse é o caminho mais longo!
Na verdade é uma trilha que não dá em lugar nenhum. Porque o ansioso se transforma no que chamo de “projeto de melhoramento contínuo”. Ele acha que somente quando ele for perfeito, ele será aceito e isso simplesmente não existe!
Ter clareza de algumas coisas simples e que são óbvias é muito importante para o processo de desmantelamento do esquema da ansiedade.
E para isso é importante entender então o que é a AUTOACEITAÇÃO.
O que é a autoaceitação
A AUTOACEITAÇÃO é definida como o processo de ACEITAR TODAS AS SUAS PARTES, principalmente as que você não gosta em você!
Aceitar o que gostamos é fácil! Quero ver aceitar os defeitos!
Agora, essa autoaceitação não tem nada a ver com conformar-se. Não é isso…
Quando o indivíduo percebe que pode atenuar sua autocrítica, que pode haver equilíbrio, QUANDO ELE ENTENDE QUE NÃO SERÁ REJEITADO SE NÃO FOR PERFEITO, ele começa a construir o vínculo de autoproteção.
E isso o faz movimentar-se para se perdoar diante dos erros, ser tolerante e gostar mais de si integralmente.
Então o aprendizado é o de desenvolver tolerância consigo mesmo. É aprender a desligar a culpa quando o erro e o fracasso acontecem e usar a inteligência emocional para começar a ser auto suficiente e se relacionar com o mundo de uma forma mais produtiva, menos travada…
Hoje a intolerância que você tem com você mesmo e com seus erros e incapacidades é o grande sabotador na sua vida… é o combustível da sua ansiedade.
O seu sistema de autocrítica está totalmente desregulado e precisa de ajustes.
Você pode aprender a criar recursos que estão na contramão da AUTOCRÍTICA… que é a autoaceitação.
O caminho para mudar isso é reverter o conjunto de crenças que está por trás de tudo isso, num trabalho interno de reforma íntima.
E isso nenhum remédio vai trazer.
Eu, no meu trabalho, ensino meus alunos e pacientes a construir essas estruturas emocionais e elas resultam no quadro oposto ao que estão hoje.
Esse é o COMO… que você deve estar se perguntando… como faz isso?
No trabalho você vai aprender a dissolver essas estruturas com o aprendizado do que chamo de antídoto para as emoções negativas atuantes na ansiedade.
Qual é o antídoto para a culpa que vem do erro?
AUTOPERDÃO.
Qual é o antídoto para a AUTOCRÍTICA?
AUTOCOMPREENSÃO.
Qual é o antídoto para o perfeccionismo?
TOLERÂNCIA.
Para o medo?
PROTEÇÃO.
Para a VERGONHA?
ORGULHO de si mesmo e amor próprio.
E por aí vai….
ESSE É O CONVITE!
UM CONVITE PARA VER ALÉM DESSE ENREDO DE FILME DE TERROR QUE você vive na sua mente hoje!